O papa Francisco recebeu no Vaticano esta semana sindicalistas italianos reunidos no congresso da CISL (Confederação Italiana dos Sindicatos Laborais) e a eles – e a todos nós! – emitiu uma mensagem forte: “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato”.
O papa lembrou, na sua mensagem, que a palavra sindicato tem origem na expressão grega ‘syn-dike’, ou ‘justiça juntos’ em uma tradução direta. É uma expressão de união, que Francisco interpreta como própria da natureza da humanidade. De fato, afirmou, pessoa e trabalho são duas palavras que podem e devem estar juntas. “O trabalho é a forma mais comum de cooperação que a humanidade gerou na sua história, é uma forma de amor civil”. O pronunciamento completo do Papa está aqui, no site da Rádio Vaticano: http://bit.ly/2sJM7gu .
“O capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados. Economia de mercado: não. Dizemos economia social de mercado, como nos ensinou São João Paulo II”.
No encontro com os sindicalistas, realizado em 28 de junho, o papa Francisco voltou a falar de um novo pacto social e criticou a ganância dos empresários e do mercado. “É uma empresa insensata e míope que obriga o idoso a trabalhar muito tempo e requer toda uma geração de jovens a trabalhar quando deveriam fazê-lo para eles e para todos”, disse o Pontífice, que lembrou que “nem sempre nem toda a gente tem direito a se aposentar porque eles têm jornadas em desigualdades no tempo de trabalho se torna perene”.
Entre nós, a mensagem tem ainda maior força, quando se acompanha a tentativa do governo sem votos em enfraquecer a união de quem trabalha em torno dos seus sindicatos – não só com a proposta de ‘reforma’ trabalhista (que nada mais é do que uma tentativa de vender barato a força de trabalho) como da perversa reforma da Previdência que, se aprovada, vai acabar com sua aposentadoria.
No final de maio, as centrais sindicais emitiram documento endereçado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em que expressaram “nosso reconhecimento e nossa gratidão ao apoio claro e explícito que a Igreja Católica no Brasil manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente”, com referência à greve geral de 28 de maio. Segundo a carta, dirigida ao presidente da Conferência, o cardeal Sergio da Rocha, “a coragem e a generosidade” de muitos bispos e as declarações “enérgicas” da própria assembleia geral da CNBB “provocaram um ânimo muito grande em nossa gente”.